Saturday, October 21, 2006

O Luto de um homem que só usava preto...


"I pray that God will give me courage
To carry on 'til we meet again
It's hard to know she's gone forever
They're carrying her home on the evening train"
trecho de On the Evening Train, faixa 6 de American V

“American V – A Hundred Highways” é o título do disco póstumo de Johnny Cash. A produção é assinada por Rick Rubin, o sujeito por trás de vários clássicos da história do rock e um dos produtores mais procurados do momento (atualmente, estão na fila Metallica, U2 e Velvet Revolver). American V não é necessariamente um lançamento (o disco chegou às lojas em julho de 2006) mas é, sem dúvida alguma, item essencial para qualquer interessado na história deste ícone da musica mundial. Ainda que composto majoritariamente por covers de compositores tradicionais norte-americanos, o registro musical não poderia ser mais auto-biográfico. As gravações são de 2003 e compreendem o período entre a morte de sua esposa June Carter Cash e o falecimento do próprio Johnny, 4 meses depois. Em todas as 12 faixas (entre elas, duas autorais e inéditas) a voz de Cash soa mais frágil e renitente, demonstrando toda intensidade da dor de sua perda, neste que foi considerado pela crítica o mais desolado de seus trabalhos.
O conteúdo emocional do quinto volume da série “American” é inquestionável. Mais do que prever sua morte, Johnny a desejava de alguma forma. Em parte por ter perdido seu motivo para viver, em parte por acreditar que a morte seria o caminho de volta para June. Isto fica claro a partir das canções selecionadas. Na música de abertura “Help Me”, o cantor pede a ajuda e coragem para caminhar “mais esta milha”, a “última milha”, a transposição da barreira entre a vida e a morte.
Quem assistiu a biografia cinematográfica de Cash, lançada no ano passado com o título de “Johnny and June”, pode ter uma idéia da importância da esposa na vida do compositor. June é um exemplo de como alguém pode salvar a vida de um homem de todas as maneiras possíveis. No auge de seu pesadelo com as drogas, entre prisões e internações, ela deu-lhe um bom motivo para viver, e após sua despedida em 2003, um bom motivo para morrer. Na minha opinião, eis uma das histórias de amor mais bonitas do século. História esta, coroada com várias canções e agora este disco póstumo, com potencial para deixar qualquer marmanjo com lágrimas nos olhos (isso não é nenhum tipo de confissão).
Johnny Cash monstra que, a despeito de sua voz já melancólica e frágil, prejudicada por sua doença e morte iminente, sua genialidade e sensibilidade permaneceu intacta até seus últimos suspiros. Para além de qualquer técnica ou teoria, o conceito de “American V: A Hundred Highways” está no coração deste intérprete e compositor. Em sua última composição, meses antes de morrer, Cash pede que coloquem seu caixão no “trem 309” e assim ele parte com destino certo.
De acordo com o produtor Rick Rubin, ainda existe uma quantidade considerável de gravações que darão origem a um segundo disco póstumo de Johnny. Segundo Rubin, o disco será lançado em 2007. Preparem-se para o “American IV”, o homem de preto ainda tem algo a dizer.

Thursday, October 12, 2006

Udora, Diesel e "A Volta dos que não Foram"



"A volta dos que não foram" será o nome do novo disco em protuguês. De acordo com o vocalista Gustavo Drumont, a banda não deverá mudar de nome.

Reviravoltas e mudanças drásticas já não são novidade para a banda mineira Udora (ex-Diesel). Por fim, a ordem dos últimos acontecimentos na história do grupo culminou com o retorno deles ao Brasil. No dia 28 de Setembro, o frontman Gustavo Drummont desembarcou em Belo Horizonte trazendo à tira colo os fragmentos de dois projetos distintos. Para a banda, 12 novas canções (todas em português!) que darão o tom aos novos caminhos a ser trilhados pelo coletivo. Outras 18 canções já finalizadas integrarão um projeto solo do vocalista. Segundo o próprio Gustavo, o trabalho solo terá um estilo mais folk. O próprio autor o compara ao som da cantora canadense Leslie Feist e do estadunidense Ryan Adams.

Conforme divulgado pelo cantor/compositor/guitarrista/líder e porta-voz na comunidade da banda no Orkut, os integrantes remanescentes já estiveram reunidos para discutir o futuro do Udora. Após o encontro, TC decidiu abandonar o grupo e o Guitarrista Leo Marques continua. Se juntam a eles os músicos mineiros Daniel Debarry e PH (baixo e bateria, respectivamente).

Os fãs da banda devem estar acostumados com esse tipo de mudança aparentemente repentina. Após ganhar a Escalada do Rock e tocar no palco mundo do Rock in Rio, em 2001, o ainda intitulado “Diesel” demonstrava sérias intenções de trocar as terras tupiniquins pelos ares do norte. Na ocasião, em entrevista ao jornalista Thiago Cardim da America On Line, Drummont teria mencionado o interesse em seguir os passos do Sepultura e se aventurar mundo a fora, em busca de reconhecimento internacional. Quem parece ter levado essa conversa bem a sério é o ex-baterista, Jean Dolabella, que atualmente excursiona com a banda de Andreas, Derek e Paulo. Eles passaram pelo Espírito Santo no mês passado.

Após morar durante meses dentro de uma van, mudar completamente de som, roupa e corte de cabelo...Após quase quatro anos em Los Angeles (CA), um contrato frustado com a J Records e uma série de shows importantes, entre eles uma turnê com o mito grunge Jerry Cantrell (ex-Alice in Chains)...eles estão de volta. Quem viu os rapazes saírem daqui em 2002 poderá não reconhece-los, mas o que fica claro, mesmo diante de tantos obstáculos, é sua criatividade e determinação para recomeçar do zero, formulando um novo conceito e, desta vez, com um novo idioma. Seu talento e capacidade são inquestionáveis, coisa que os dois álbuns lançados até agora podem comprovar. O que nos resta é torcer para que os caras façam as escolhas corretas e obtenham o reconhecimento esperado para viver do que gostam e sabem fazer.
Cara leitor, eu poderia desperdiçar mais alguns minutos do seu precioso dia e de quebra deixar este post tão extenso a ponto de assustar os olhos mais cansados. De qualquer forma, não pretendo comentar as músicas novas, já disponibilizadas no site da Trama Virtual. Prefiro fazê-lo com base no projeto finalizado e devidamente maturado. De qualquer forma ouça você mesmo as pré-produções e tire suas conclusões.

Thursday, October 05, 2006

Fogo na Babilônia!!!


Avenged Sevenfold. Revelação em 2006 com o clipe "Bat Country"

Vai aí uma dica. Este clipe da banda californiana Avenged Sevenfold marca a sua estréia sob os holofotes do mainstream norte-americano. Premiado na categoria revelação do VMA deste ano, a estética deste video-clipe fecha completamente com o conceito fundamental de seu segundo disco “City of Evil”, lançado pela Warner.
A “Cidade do Mal” é um espaço menos físico que psicológico e surpreende pela ausência de amor, de bons sentimentos. Povoada por demônios e marcada pela banalização da sexualidade, pelos jogos, vícios e pela diversão barata e vazia. City of Evil é um pedaço de inferno na terra e trás a tona uma visão de um mundo superficial e perdido, profanado pelas paixões e vícios humanos.
A banda, que lista entre suas influências clássicos como Iron Maiden, Metallica, Guns'n'Roses, Pantera e Bad Religion, mostra em “Bat Country” todo o vigor e o peso do bom e velho rock'n'roll com uma essência para lá de emblemática em sua forma e conteúdo. A idéia contida no vídeo pode até ser, de certa forma, um grande clichê do rock, afinal, os morcegos já eram o prato predileto de Ozzy Osborne antes mesmo de M. Shadows e sua turma pensarem em pegar nas guitarras. Mas essa idéia clássica é trabalhada de uma maneira jovial e inovadora. Dá realmente para ter esperança de que o rock pode ser mais heterossexual, mesmo nessa época de franjas, lápis de olho e delineador.

Sunday, October 01, 2006

Cala a boca, Brandon!!!
Brandon Flowers, vocalista da banda norte-americana The Killers, é um sujeito bonito (sem viadagem!). Tem um vocal singular e também é um ótimo compositor. Não por acaso, o disco de estréia dos caras (Hot Fuss, 2004) estourou hits como Mr. Brightside e Somebody Told me em escala mundial. Ok, mas como nem tudo são flowers (sacaram o trocadilho!!! ihhhaaaa), além de apresentar uma performance de palco considerada fraca pela crítica especializada, quando o rapaz resolve abrir a boca, seus companheiros tem muitos motivos para suar frio e até fazer “figa”.
De acordo com informações do site da MTV, os comentários de Brandon têm motivado uma barulhenta rixa com os caras do Fall Out Boy. Recentemente, ele chegou a declarar que o Fall Out Boy exerce uma influência negativa sobre os fãs porque a garotada acaba consumindo em larga escala tudo que a banda afirma ter gostado. “Isto é muito perigoso”, disse o cantor. É importante ressaltar que o Panic(!) at the Disco, talvez uma das maiores revelações do mercado musical em 2006, foi descoberta e produzida por Pete Wentz, baixista e vocalista da banda de Chicago.
Brincadeira?!?! Parece que não. Apesar de todas as tentativas de Pete de pôr esta rixa em panos quentes. Brandon Flowers não pára de colocar mais lenha na fogueira. Afirmando, inclusive, que havia “um ser dentro dele” que tinha uma imensa vontade de encher todos esses “emos” de porrada. Brandon, meu caro, muitos de nós já pensamos algo assim, mas tudo tem limite, né?
Sobrou farpas até para o Tom Yorke, que estava quieto no lugar dele, sem mexer com ninguém. Segundo o front man do Killers, Yorke está desperdiçando seu talento como compositor e deveria deixar de fazer discos experimentais, voltando a compor canções como “Creep”. Seu companheiro de banda, o baterista Ronnie Vannucci, até reclamou do excesso de atenção dado pela imprensa ao vocalista.
Deixando de lado as cabeçadas de Flowers, o disco novo do Killers será lançado no próximo dia 3 de outubro. A crítica norte-americana e inglesa tem dedicado especial atenção e muitos elogios ao segundo trabalho dos caras, por isso fique ligado em Sam's Town. O disco já tem até um clipe exibido pela MTV, o hit “When You Were Young”, gravado no México. Quem sabe com o lançamento do disco novo, o rapaz usa a boca mais pra cantar e menos pra falar besteira.