Thursday, October 20, 2005


Pearl Jam em SP?

Arrasta-se por tempo indeterminado o impasse a cerca da polêmica realização do show do Pearl Jam em São Paulo. A prefeitura – contrariando expectativas – ainda não se posicionou definitivamente a respeito da liberação do Estadio do Pacaembu. A CIE, empresa organizadora do evento, afirma intransigentemente que não pensa em mudar o show para outros lugares da cidade. Antes disso, cogita a possibilidade de transferi-lo para Belo Horizonte ou Brasília, numa postura bem mimada e arrogante; quase escrevendo na testa: “Nós não precisamos de São Paulo” – o que, sinto muito, mas não deixa de ter uma pontinha de verdade.

Em meio a toda essa incerteza e pressão por todos os lados, o que surgem são meras especulações. Muitas dotadas de uma tocante falta de compromisso com a verdade. O site “O Fuxico”, por exemplo, divulgou semanas atrás - em primeira mão (talvez nem os resposáveis tenha se dado conta disso!) - a liberação do Pacaembu para a realização do evento.

De concreto mesmo somente a declaração do prefeito José Serra – carinhosamente chamado de Mr. Burns por alguns dos enfurecidos fãs da banda norte-americana – de que, independente do local, o show acontecerá em São Paulo. O tucano deixa claro que não quer jogar areia na marmita da rapaziada e, pra variar, tira um pouco das costas o título de inimigo número um do rock’n’roll.

O espaço coletivo dentro do espaço público.

Poderia citar aqui uma gama de motivos culturais e turísticos para considerar esse show muito importante para a cidade de São Paulo – a exemplo da Vereadora Petista Soninha, em sua carta ao prefeito Serra – no entanto, além de bastante óbvio para qualquer um que saiba um pouco sobre a história da música mundial, não considero que esteja na banda o ponto central desta problemática espinhosa. De fato, se uma empresa privada se apropria do espaço físico urbano e coletivo, isso deve ser feito de maneira responsável, a fim de se evitar transtornos. Manter um mínimo consenso que legitime a ação junto à comunidade local e ao poder público é imprescindível dentro dessas condições. O problema é que palavras como consenso e legitimidade nem sempre estão no alvo das relações de queda de braço envolvendo os atores sociais em questão. Muito pouco se fez em matéria de organização para reduzir o caos de veículos estacionados em locais impróprios, vandalismo e falta de saneamento nas vias adjacentes ao estádio, em eventos realizados anteriormente.

Definir apresentaçãoes instaladas no local como “predatórias e comerciais” não está muito distante da realidade. Que o digam nossos vizinhos de Jardim Camburi (Vitória, ES), que passam por situação semelhante durante os quatro dias de carnaval fora de época na orla da Praia de Camburi. O famoso Vital, que acontece anualmente aqui em Vitória, vem – já ha algum tempo – provocando polêmica entre a Organizadora Onda Luz Eventos e associações de bairros visinhos. Quando pessoas finalmente se organizam para reivindicar a solução de problemas dessa ordem, são comumente tachadas como “reacionárias”, “conservadoras” por outras que acabam confundindo seu prazer e entretenimento – ou mesmo seu lucro - com a falta de respeito para com um espaço que é de todos.

Nesses casos, sente-se a necessidade de se restaurar o conceito de espaço público. Uma ampla discussão que procure novas alternativas para a produção de consenso. Em uma época em que pensar o coletivo se tornou algo tão importante, mediante a explosão de individualismos e visões unilaterais; em que as noções de público e privado se confundem, beirando a total esquizofrenia e o Estado se subordina cada vez mais a enteresses particulares, econômicos e especulativos; é necessário que os cidadãos pensem a política não como uma balança de forças heterogêneas, mas como a possibilidade de se atingir o bem-estar comum (ou algo próximo disso).

1 comment:

Vitor Taveira said...

seeeeeeeeeeeeempre!
pokou zé!
realmente é um ponto que precisa ser rediscutido.
até onde o interesse de um grupo de pessoas pode ir sem que prejudique outro grupo, já que todos são cidadãos e, teoricamente, tem os mesmos direitos

vc tinha q estrear seu blog falando sobre o pearl jam! eheheheeheheh
abrago!