Thursday, April 26, 2007

UM RÉzinho...POR FAVOR!!!


Kings of Leon. "Esquisitões", mas sem perder o peso característico do velho rock'n'roll.

Ouvir Kings of Leon sempre me leva a uma dimensão psico-musical um tanto quanto curiosa. Seus peculiares versos em uma nota só são uma verdadeira afronta a minha lógica “quadrissonante-ramoniana”. Para os que não sabem, fui criado musicalmente ao som das quatro notas sempre previsíveis que saiam da guitarra do Johnny Ramone. Durante muito tempo, música pra mim se resumia bem no polinômio ré + si menor + sól + lá = melodia. Quando o guitarrista e vocalista, Caleb Followill saca uma de suas intermináveis introduções em mi, minha mente logo me alerta: claro que logo virá um ré maior para fechar a harmonia básica da canção. Para o meu ledo engano, seguem-se inquietantes segundos de uma estática e monocromática nota só. Eu começo a pensar que realmente a música ficaria muito legal se, de repente, o rapaz resolvesse cair para um simples ré maior. Tão fácil, simples...elementar. Depois de quase um minuto sem trocar de nota, minha mente já grita alucinada “pelo amor de Deus...um ré...só um ré e eu juro que essa vai ser minha faixa preferida do disco”. Caleb me desafia. Ele sequer parece pensar em algo tão óbvio. Isso faz desse primeiro minuto de audição uma experiência um tanto quanto perturbadora, esquisita. Quando eu praticamente já tinha desistido, eis que me vem a nota salvadora. E é um RÉ MAIOR!!! Trata-se então de um momento de euforia, um momento “orgasmático”. Incrível, enfim conseguimos chegar na segunda nota. Algo parecido com alívio me toma por completo. A ponto de eu me esquecer completamente que tudo que ouvi foi um simples mi, seguido de ré maior. Qualquer aluno com três semanas de violão pode fazer isso. Mas eles acabam fazendo soar único. Não me pergunte como, ouça “Black Thumbnail” (musica 5 do novo disco da banda) e saberá do que estou falando.


Se para você “mi” é só uma sílaba e “ré” é a única marcha em que o automóvel anda pra trás, é melhor desconsiderar todo o parágrafo anterior. Simplificando: O Kings of Leon é uma banda que contraria todas as leis da física e nunca se comporta da forma esperada. Isso “obviamente torna o que é obvio incomum”. Quando mostrei a banda para minha namorada ela me disse que o som era “esquisito”. Tenho uma má notícia para ela. Em seu recém lançado álbum, “Because of the Times”, eles continuam “esquisitos”. É um bom adjetivo para uma banda que parece repudiar o comum.


Mas não é a única coisa que merece ser dita sobre o novo trabalho dos caras. O que surpreende dessa vez é o vigor. Do peso das guitarras aos riffs primais que preenchem o som. Isso serve para lembrar que, apesar de um pouco mais complicado que o de costume, o que sai das caixas de som do seu aparelho é rock. Rock feito com competência e sem frescura. Destaque para a bateria frenética de “McFearless”. O baixo é pontual e lidera grande parte dos versos do disco, dando o tom inquietante da faixa de abertura, a enxuta “Knocked Up”.


Bem verdade que nas últimas músicas o disco perde um pouco de pressão. Normal. É a hora dos irmãos Followill e banda mostrarem as várias nuances sonoras que existem entre um Mi e um Ré Maior. É a hora das baladas excêntricas “The Runner”, “Trunk” e “Arizona”, que fecham muito bem o álbum.


“Because of the Times” é um disco que vale muito a pena. Principalmente, porque nele o Kings of Leon brinca mais uma vez de reinventar o rock'n'roll, sem perder o que ele tem de melhor. Ouça a baixo algumas músicas do álbum.





1 comment:

leticia goncalves said...

E aí Juninho!

O blog está cada vez melhor, parabéns!

Estava ouvindo Moptop, mas dei um stop para ouvir sua dica. Gostei de Kings of Leon. Não sei identificar qual nota é qual, rs, mas gostei.

Quanto à esquisitisse, achei esquisito tanto quanto tudo que é novo, (é a primeira vez que ouço a banda )mas alguns minutos e algumas distraídas batidas de pé depois, td bem.